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O Divã da Doutora Alana

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Ouça, ouça… Só por uns minutos… Ouça como tudo começou… Prometo, minhas palavras não serão vazias! Encoste em minhas mãos por um segundo e seja amigável! Prometo, não perderá seu tempo… Prometo, tenho uma história para contar e não podemos perder tempo… Ah, o tempo, como nos castiga esses quatro tempos!

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("O convite de Devinte", foto por Gabriel Nascimento.)

Tudo começou na soturna cidade de Gnossienne. A feira internacional do comércio, da ciência, da amizade e do entretenimento estava prestes a acontecer. Ela… Ah… Ela estava lá… Ouça-me pessoa amigável… Que figura estranha era aquela mulher! Sem nenhum traço de cabelo em sua cabeça. Lisa! Completamente lisa…

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("Gnossienne", pintura digital vetorizada de panorama aéreo da cidade de Goiânia por Luan Nascimento.)

A figurava andava pelos sonhos alheios, ou seriam os pesadelos? Não lembro-me muito bem, mas lembro-me de vê-la entrando no prédio da administração vestida em um casaco preto. Não sei o que fazia, não sei o quais eram suas motivações e nem tinha importância saber nada disso.

Na noite de sexta-feira as coisas começaram a mudar. Todos estávamos de casacos para nos esconder do cruel frio que anunciava sua presença, mas acalme-se. Faça uma amizade comigo… Preciso desse elo para que possamos seguir em frente…

Amigos? Não, colegas talvez… Sua amizade se provará com o tempo. Aguarde o desfecho dessa história. 

E nesse frio a figura estranha entrou no prédio de administração da cidade. Iniciei uma perseguição por causa da peculiaridade em seu andar e sua postura. Era tudo um pouco encurvado, um pouco distorcido… Ou era o mundo que se distorcia em função dela?

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("Devinte Persegue Dra. Alana", foto por Gabriel Nascimento.)

Não tinha como saber, era das sombras que eu admirava e nas sombras continuei. A tal da criatura era tão estranha e fora desse mundo! Deixe-me lhe dizer… Espantei-me quando começou a conversar com o administrador. Ele estava muito ocupado no alto de seu palanque, mas a criatura gritava e gritava e gritava… Ela aguardou na fila até o fim do dia…

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("Dra Alana e o administrador", foto por Gabriel Nascimento.)

E por algum motivo meu corpo e meus olhos não se moviam. Não queriam se mover. Eu precisava de água e de comida, mas a hipnotizante criatura não deixava minha mente em paz. Quando abriu sua boca, ela quebrou o silêncio com uma doce vez feminina.

"Doutora Alana, Doutora Alana…” Era o nome e o título. Ela tinha estudado nas universidades do mundo com os mestres filósofos e estava interessada nos segredos da mente. Pediu ao administrador uma permissão para mostrar suas descobertas na feira. O administrador recusou.

“Doutora, doutora, você ainda é mulher… Vá cozinhar os caldos na lareira, está frio e precisamos de trabalhadoras.” Ele disse. Franziu a testa… Digo, a doutora franziu a testa. Pensei que iria gritar ou brigar. E, em um momento sorrateiro, ela sorriu. Um sorriso nefasto… Um misterioso semblante.

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("Dra Alana Recebe Permissão, foto por Gabriel Nascimento.)

"Doutora. Sou a doutora Alana.” A criatura sussurrou deixando o edifício. Passou por mim e olhou nos meus olhos. Não foram mais que uns segundos. Pesados calafrios atravessaram minha espinha. Ah, o horror… O horror... fez-me pensar na morte. Quem era essa criatura?

O dia tinha acabado. Retornei ao meu lar e adormeci após o desjejum.

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("Alana e Devinte foto por Gabriel Nascimento.)

O dia seguinte foi triste. Rafaelo acordou-me ao bater na porta. Ah, meu amigo Rafaelo. Ele acordou para dizer que Miguel  ngelo tinha sido assassinado na noite anterior. Por alguma razão a face daquela sinistra criatura apareceu na cabeça. O terror do sinistro semblante, ah… O terror do sinistro semblante. 
 

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("Rafaelo Acorda Devinte, foto por Gabriel Nascimento.)

As preparações para a feira estavam em andamento. Rafaelo e eu fomos para os galpões e lonas vendo as atrações até encontrar o laboratório da Doutora Alana. O laboratório da maldade era cheio de engenhocas e válvulas. Tinha tantos dispositivos e fumaça que não dava para ver muita coisa pela janela.

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("O Laboratório da Dra Alana", foto por Gabriel Nascimento.)

Quando a criatura abaixou as válvulas as engenhocas pararam de se mover. O tenebroso olhar puxava mais válvulas e mais fumaça desaparecia. Caixões, vários caixões! E outras criaturas com olhos fechados e olheiras enormes levantam-se dos caixões! Apertei os braços de Rafaelo e urgi. “Vamos, Rafaelo. Vamos embora.”, Depois de um minuto fomos embora.

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("O Laboratório Revelado", foto por Gabriel Nascimento.)

Na praça da cidade nos encontramos com Mira. A moça estava voltando para casa depois de conversar com umas amigas. Mira, bela como a um raio da luz do luar que desce sobre a rosa mais rara do jardim. “Rapazes, Rapazes… O que aconteceu?”, Nós contamos a aventura e remendamos as suspeitas. Um quebra cabeça estava em nossas mãos.

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("Encontro na Praça", foto por Gabriel Nascimento.)

Mira nos aconselhou a tomar distância da tal Doutora. Nada de bom viria de dois amadores metidos a detetive. E tínhamos a feira… Podíamos aguardar mais uma semana para ver o que a criatura iria mostrar. Alertamos os oficiais dos perigos, mas riram de nossas histórias. Acusaram-nos de estarmos bêbados. Para eles, não passavam de sonhos distorcidos.

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("Denúncia", foto por Gabriel Nascimento.)

No décimo oitavo dia decidimos sair pela noite. A praça da feira estava quase pronta para o festival, mas nossos passos nos guiavam para o laboratório. Por lá fizemos nossa morada. Olhos grudados na sombria figura no centro do galpão. Máquinas faziam fumaça enquanto a criatura cruzava suas pernas lendo vários livros. Notamos, o mesmo número de caixões… O mesmo número de dias, o mesmo número de assassinatos! 

“Ah, hoje veremos o que a criatura assassina faz com suas vítimas!”, Rafaelo sussurrou em meu ouvido.

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("Devinte e Rafaelo Na Janela", foto por Gabriel Nascimento.)

A noite calmamente passou. Sem murmurinhos. Sem acidentes. Sem movimentos. Nada. A criatura passou a noite mergulhada em seus livros. Amanheceu e nada aconteceu. Retornamos à cidade desapontados. Talvez a criatura e suas loucuras não eram culpadas por nada. Além do mais, julgávamos um livro por sua aparência.

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("Calmaria Noturna", foto por Gabriel Nascimento.)

Havia uma comoção na porta da delegacia. Tinha sido preso! Levado para a cela… O assassino foi pego tentando pular a janela de uma casa para matar um senhor. Ah, estávamos frustrados. A criatura era mesmo inocente. E os caixões e a fumaça? A feira nos responderia.

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("Justiça?", foto por Gabriel Nascimento.)

E foi no dia seguinte. Descansamos um pouco, mas não perderíamos o espetáculo por nada nessa vida. Procuramos o galpão da Doutora Alana cujo espetáculo começaria às oito da noite. Sentamos na fila da frente. Era um pouco triste esperar as cortinas levantar sabendo do número de mortos. Pasmos, ficamos pasmos quando elas se levantaram. 

Doutora Alana estava no centro do palco. Ela sorria, soturnamente sorria. Os caixões… Esses eram contados no mesmo número de vítimas que foram mortas na cidade. 

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("Apresentação Na Feira", foto por Gabriel Nascimento.)

“Bem vindos, bem vindos ao meu mundo. Olhem em volta e apreciem o nascer de várias novas estrelas. Hoje, hoje mostro ao mundo o que uma mente brilhante pode fazer!”, Ela exclamava enquanto as engenhocas giravam e a fumaça começava a tomar conta do palco e da platéia. 

Era como se um frio subisse por nossas pernas direto para nossas espinhas e tomasse conta de nossas cabeças. 

“O revelar de uma nova era está em frente aos seus olhos. Olhem carinhosamente para minha criação...”, E no levantar de uma manivela os caixões se abriram. Os corpos noturnos jaziam imóveis dentro de cada um. Eram cadáveres,  pareciam não ter nenhum sinal de vida.

“Esses são os gêmeos criados com o carbono manipulado pelos meus dedos. Nasceram de um original… Cesário… Cesário era o nome do garoto que não acordava… Mas Cesário sussurrava e seus sussurros contavam o futuro. O garoto foi amaldiçoado pela praga do sono eterno. Recebeu o dom da visão em troca de seu direito de viver.”

Rafaelo e eu e muitos outros na platéia trememos com o horror descrito pela criatura que estava em frente aos nossos olhos. 

“Os pais deram-me permissão para que eu pudesse recolher uma amostra. E, de um fio de cabelo; e, de vários encadeamentos carbônicos; nasceram meus queridos gêmeos. Com o tilintar de um novo milênio encontrei a cura. As minhas cópias são aperfeiçoadas, elas não precisam dormir eternamente para ver um futuro. Elas podem ver o futuro mesmo estando acordadas.” 

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("Revelação dos Cesários", foto por Gabriel Nascimento.)


“Mentiras… Essas aberrações são a morte da natureza.”, Rafaelo levantou-se. Estava extremamente perturbado por tudo que ouvia.

“Não, não… Compreendeste mal meu senhor. Minhas cópias aperfeiçoadas provam que estamos prestes a superar todos os maus dos milênios. Suba aqui no palco e veja por si mesmo. Presencie em primeira mão o acordar dos meus gêmeos.”, A criatura respondeu.

“Rafaelo, sente-se.” 

“Não Devinte. Não sou um homem fraco.”,
Rafelo ignorou-me. Tentei alertar, mas meu amigo subiu no palco.

E, no momento seguinte, a Doutora estalou seus dedos. As criaturas hipnotizadas levantaram-se de seus profundos sonos. Abriram seus grandes olhos após estenderem seus longos braços.

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("Rafaelo Desafiador", foto por Gabriel Nascimento.)

“Conte-nos… Conte-nos o futuro da nação!” A Doutora ordenou.

Uma após a outra, as criaturas abriram suas bocas: fome, gatunagem, miséria, doença, mortes, tristeza, destruição, incêndios, devastação, pilhagem, demolição, praga, decaimento, empobrecimento, ignorância, desgraça, decadência. E juntos faziam coro: “decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência, decadência.”

Contei… A mente de um detetive amador deveria estar atenta, portanto contei. No número de repetições vi a chave, o mesmo número de assassinatos!

“Impossível, nossa nação é tão rica que não há fim para nossa fartura. Seu experimento é falho. Irei provar o quão perverso é a sua obra. Vamos confirmar… Sabidões, qual é o meu futuro?”,  Rafelo ergueu sua voz.

“Não Rafaelo, não…”
Levantei-me tentando interrompê-lo. O homem que sabe o dia de sua morte já é um cadáver.

“Devinte, cale-se. Vou desvelar essa trapaça. Digam-me, qual é o meu futuro!?”

“Morte… Amanhã… MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE, MORTE.” ,
As criaturas gritaram.

“Veremos… Veremos quem é a farsante nessa história.”

 

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("O Futuro de Rafelo", foto por Gabriel Nascimento.)

Rafelo me puxou pelo braço e fomos embora. Não quis deixá-lo sozinho nem um por segundo. Porém, Rafaelo era um homem bravo e corajoso. Não iria deixar que uma simples charlatã o enganasse. Pediu para ficar sozinho.

Retornei ao meu lar e dormi. Rafaelo recusou minha companhia no dia seguinte. O espionei durante o almoço, o perseguindo na biblioteca... Tentei ajudar... Foi inevitável, Rafaelo notou minha presença e tive de ir dormir em casa.

 

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("Amor de Amigo", fotos por Gabriel Nascimento.)

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("O Assassinato de Rafaelo", foto por Gabriel Nascimento.)

Na manhã seguinte as notícias. Rafaelo foi assassinado. Corri até a delegacia para que pudesse entender a situação. O assassino ainda estava enjaulado, mas quem matou Rafaelo? Não pudemos constatar nada até o interrogatório. E qual era o motivo da confusão? 

Sim… Sim… Rafaelo tornou-se cadáver como previsto pelas criaturas criadas pela criatura. O assassino enjaulado não passava de um verdadeiro charlatão. O sujeito só tentou assassinar uma vez por estar furioso por um motivo qualquer. A faca? A faca foi encontrada no chão.

As autoridades correram para tentar prender a óbvia assassina. Doutora Alana não estava mais entre nós. As pistas nos levaram ao hospício da cidade. Nossa investigação não podia parar. 

 

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("Rafaelo, O Cadáver", foto por Gabriel Nascimento.)

Enquanto isso, do outro lado da cidade o esquadrão tentava perseguir um dos gêmeos. Um dos vários Cesários tentou sequestrar Mira. Essa tristonha aberração caiu de um telhado, mas não fez mal à garota. Terminou morto pelo destino.

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("A Morte de Uma Aberração", foto por Gabriel Nascimento.)

Mira chorava em prantos estendidos por Rafaelo e por Cesário. Confessou que acordou aterrorizada com a figura que segurava uma faca. Cesário abriu seus olhos para declamar um poema de amor. A criatura quis fugir com a bela dama, fugir do seu destino e da Doutora que o escravizava. Terminou morto.

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("Mira e Cesário", foto por Gabriel Nascimento.)

Mira chorava em prantos estendidos por Rafaelo e por Cesário. Confessou que acordou aterrorizada com a figura que segurava uma faca. Cesário abriu seus olhos para declamar um poema de amor. A criatura quis fugir com a bela dama, fugir do seu destino e da Doutora que o escravizava. Terminou morto.

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("Um Poema de Amor", foto por Gabriel Nascimento.)

No hospício requisitamos ver o doutor diretor. Para nossa surpresa não era um homem, era uma mulher. Apesar de ser supostamente parecida com a tal da criatura que se chamava Doutora Alana, ainda não podíamos confirmar nada. A diretora do hospício tinha cabelo!

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("Um Poema de Amor", foto por Gabriel Nascimento.)

No hospício requisitamos ver o doutor diretor. Para nossa surpresa não era um homem, era uma mulher. Apesar de ser supostamente parecida com a tal da criatura que se chamava Doutora Alana, ainda não podíamos confirmar nada. A diretora do hospício tinha cabelo!

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("Diretora do Hospício", foto por Gabriel Nascimento.)

Não desisti. Pela manhã retornei ao hospício para falar com os assistentes do doutor diretor. Nós nos reunimos e invadimos o gabinete da Doutora Diretora. Havia muitos livros, mas foi numa gaveta no divã que encontramos o ouro. Um livro entitulado “Artes da clonagem, hipnotismo e manipulação do inconsciente” estava aberto e marcado com várias anotações. Nele encontramos o calendário de Doutora Alana e os planos para a feira.

Não podíamos condená-la sem provas finais. No dia seguinte trouxemos o cadáver de Cesário para o gabinete da doutora. Ela entrou em desespero. Uma de suas criações faleceu! Pulou, chorou, arrancou a peruca de sua cabeça e atirou-a em minha direção. E, finalmente, encontramos a Doutora Alana… 

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("Doutora Alana", foto por Gabriel Nascimento.)

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("A Verdadeira Doutora Alana", foto por Gabriel Nascimento.)

Amigo, por que me olhas dessa maneira? O que aconteceu? Insano? Eu? Eu não sou louco… Acabei de contar-lhe a verídica história.

Aquela figura no centro do hospício? Não… Não… Não! Não me diga a verdade… Não estou tendo um ataque. Ela está vindo em minha direção. Não!

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("Devinte é Louco", foto por Gabriel Nascimento.)

“Acalme-se Devinte. Eu não me importo de ser a vilã de suas histórias. O importante é que você faça arte e com isso seus nervos serão acalmados.” 

“Qual a razão de ser tão gentil comigo?”

“Você é um dos meus Devinte, assim como Rafaelo, Mira e Cesário. Veja, estão todos vivos e brincando no pátio. Cesário gosta das flores, Mira é a rainha no trono, Rafelo está bravejando e você é o pintor e contador de histórias. Você é um dos meus como o amor, a empatia, a gratidão, a sabedoria, a inteligência, o prosperar, a justiça, a equidade, o progredir, a consciência, o trabalho, a criatividade e o doce amanhecer no jardim escarlate.”

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("O Arco Dos Loucos", fotos por Gabriel Nascimento.)

“Doutora… Doutora… Eu ouço o casco dos cavalos que rondam o castelo. É mais uma fantasia?”

“Não, dessa vez é verdade. Tome, segure o pincel e continue pintando. O seu dever é fazer arte.”

“Mas doutora. Quando você saca a espada eu sei que irá lutar. Voltará viva dessa vez?”

“Não, não meu caro Devinte. Não importa se volto viva ou não. Veja bem, o importante é que continue seu trabalho. Ouça… É o barulho dos cavalos brancos do ouro, da água e da floresta. Esses animais perderam suas cabeças e preciso ensiná-los a sentar e contar histórias, mesmo que eu seja a vilã.”

“Mas Doutora… A outra Doutora não era você, como pude duvidar?”

“Eu sei… Meu caro Devinte... Tome o pincel, vou sacar minha espada e lutar.”

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("Dra Rumo À Batalha, fotos por Gabriel Nascimento.)

E a Doutora Alana foi-se para nunca mais voltar. Pintei, mas foi quando olhei o castelo escarlate desmoronando que percebi: ela estava certa. Há mais verdade nas palavras de um intelectual insano do que nos devaneios de um pseudocientista. E, com as paredes ruindo, tornei-me são.

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("O Artista", fotos por Gabriel Nascimento.)

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